quarta-feira, outubro 05, 2011
À MINHA MÃE
À MINHA MÃE - Falecida em 05.10.2005
No dia em que voltar a encontrar-te
vou contar-te da falta que me fazes,
deitarei a cabeça no teu colo,
recebendo o carinho que me trazes.
Vou dizer-te dos segredos que guardei
escondidos no mais fundo do meu ser,
do que esperei para ouvires os desabafos
que trago há tanto tempo por dizer.
Vou enfim falar-te de uma coisa
Pois não sei se me ouviste ao partir,
que foste a melhor entre as melhores.
Melhor mãe, melhor amiga, melhor ser,
que me amou, me moldou, me fez mulher.
E se acaso muito tempo não tivermos
para podermos matar tanta saudade,
p’ra mim basta que fiquemos abraçadas
nos instantes que restarem. Sem falar.
Da tristeza já não há necessidade
Vou sentir-me finalmente compensada
deste tempo que fiquei longe de ti
e prometo que já não vou mais chorar.
*
Fotografia: You Were There de Sunny Bak.
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8 comentários:
Querida João
Comovi-me ao ler a carta/poema que envias à tua mâe, que partiu em Outubro de 2005. A minha também partiu em Outubro, uns anos mais cedo, mas o tempo não conta. È tudo tão rápido e relativo. Elas continuam presentes e se estivermos com muita atenção até sentimos o seu olhar, o seu colo, o seu sorriso, no meio das saudades. Um grnade abraço
Obrigado querida Joana. Um grande beijinho
complemento o seu texto:
http://claquethemis.blogspot.com.br/2012/05/minha-mae-cornelio-penna.html
abraço
Li comovida o poema à mãe e que é, afinal, o que tantos de nós sentimos.
Obrigada por ter posto em palavras duma forma tão bela e simples os nossos sentimentos.
Li comovida o poema à mãe e que é, afinal, o que tantos de nós sentimos.
Obrigada por ter posto em palavras duma forma tão bela e simples os nossos sentimentos.
Obrigado, Januarina!
Gostei imenso do seu poema dedicada á sua mãe, comoveu-me porque também perdi a minha há sete anos também em OUTUBRO.
Como retribuição mando-lhe um poema que dediquei à minha mãe, em MAIO, NO dia da Mãe. Obrigado pelo seu poema.
Mãe Rosa
Se pudesse voar
No colo do tempo,
Encher-te de beijos e carinhos,
Partilhar a linguagem dos afetos.
Restam-me recordações efémeras
De um tempo outro…
Debruçada na máquina de costura,
Teu rosto tão bonito
Inundado de luz espreitando
Na janela do quintal,
Teus dedos ágeis, delicados
Guiando tecidos e texturas
No sincronismo ritmado
Das agulhas inquietas
E as linhas rodopiando
Alinhavos, bainhas, debruados
Sedas, cambraias, bordados
Com aquele jeito e arte
E a obra nascia por magia
Pão nosso de cada dia.
E eu, com candura e afeição,
Menino de sua mãe
Ensaiava pontos, chuleava
Para ajudar nas encomendas
Que íamos levar ao Casão Militar.
Hoje em meu peito pulsátil
O tempo esvai-se nas brumas da memória.
Doloroso silêncio , mágoa e vazio
E lavrando no chão dos sentidos
Trevas, dor e saudade…
Meus dedos dissolvem-se
Na fonte salina dos meus olhos.
Estejas onde estiveres
Hoje quero dar-te um abraço infinito.
Bonito poema Nave do Barão. Obrigada por partilhar neste blog.
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