sábado, maio 27, 2006

Fobias e quejandos


Ontem, no trabalho, alguém me confidenciou que, estranhamente, tinha nojo de ver botões separados da roupa, que lhe fazia muita impressão e que era incapaz de apanhar um botão do chão. Metendo-se na conversa, outra colega referiu que conhecia alguém que adorava fruta, mas que era incapaz de comê-la em salada, porque lhe fazia imensa confusão a fruta toda misturada. Ele há com cada uma!... Eu, pelo meu lado, tenho a mania de nunca pendurar uma peça de roupa na corda com molas de cor diferente. E esta?

Ora aqui está uma coisa interessante, que dará, com certeza, um bom tema de conversa: Fobias e Quejandos.

Lanço-lhes aqui o repto: Mandem posts com as vossas fobias, manias, crendices, superstições, etc., ou com as de alguém que conhecem. Acho que vai ser divertido.

segunda-feira, maio 01, 2006

Beleza, a quanto obrigas!


Na revista Visão, de há algumas semanas atrás, numa reportagem sobre cirurgia plástica, um dos contactados, psiquiatra, referia mais ou menos isto: «o envelhecimento é um processo natural que deve ser aceite por todos com normalidade, logo, alguma coisa está errada com quem não consegue aceitar esse envelhecimento, contrariando-o com cirurgias plásticas». Pois bem, algo de errado se passa comigo _ terei que considerar uma ida ao psiquiatra. Isto porque, olhando-me ao espelho, comecei a não gostar daquilo que via e decidi fazer uma cirurgia plástica. Nada de especial, tirar um bocadinho de pálpebra a mais e encher os sulcos de expressão provocados pelo sorriso _ sou uma pessoa bem disposta.
Tudo correu muito bem mas, em consequência dessa cirurgia, aconteceu um episódio engraçado que gostaria de contar:
Frequento há anos um pequeno supermercado onde todos me conhecem, desde o patrão aos empregados, tendo sempre com eles as usuais conversas de circunstância, algumas brincadeiras e algumas provocações quando o meu clube de futebol se sai menos bem. Depois desta minha cirurgia, e para poder reiniciar o meu dia a dia, tentei, nem sempre com bons resultados, com maquilhagem e óculos escuros, esconder as cicatrizes, hematomas e inchaços na face e nos olhos. Mais do que para esconder a cirurgia, para não impressionar as pessoas . Acontece que durante vários dias, quando entrava no supermercado, sempre de óculos de sol na cara, e sem os tirar, apercebia-me de que os empregados não me tiravam os olhos de cima e por vezes até cochichavam entre eles. Senti que afinal estava a fazer o papel de mal-educada _ nunca achei correctas as pessoas que não tiram os óculos escuros quando não estão na rua e ainda mais quando se dirigem a alguém. Sendo o meu caso porque ía dirigir-me à caixa para pagar as compras, pensei para comigo: «Que diabo, qual o problema em confessar que fiz uma cirurgia às raparigas com quem falo todos os dias?!» E não estive com meias medidas, sorri, e baixinho para a rapariga da caixa, perguntei-lhe: «Está a estranhar a minha cara?». Via-a ficar vermelha, depois branca, gaguejou e por fim lá lhe saiu: «A senhora não precisa de me contar nada. Infelizmente tenho o mesmo na família, a minha irmã. Rara é a semana em que não fica como a senhora, toda marcada. Uma vez até foi parar ao hospital!». E continuou: «Isto cada casa é um mundo e o casamento é uma carta fechada, há os que se dão bem e os que se dão mal. Olhe que nunca me passou pela cabeça que o marido da senhora… Quando a vi aparecer aqui no outro dia, toda negrinha e com a cara inchada, disse logo para a minha colega que a senhora não merecia uma coisa destas… tão simpática». Atónita, fiquei sem palavras. Só passados alguns instantes e após engolir em seco várias vezes, baixei-me sobre ela, retirei os óculos, mostrei-lhe as suturas simétricas nos olhos, os furozinhos, também simétricos em cada lado da boca e expliquei-lhe: «Isto foi uma cirurgia plástica!...». Mais uma vez ficou vermelha, depois branca, sorriu-me, pôs-se séria e tornou a sorrir-me. Despedi-me e, encaminhando-me para a saída, ainda consegui ouvi-la gritar a novidade para a colega da charcutaria: «Sónia, afinal não foram uns "murraços", foi uma operação!».

segunda-feira, abril 24, 2006

Segredos


Tal como as conversas, os segredos são como as cerejas.

Divirto-me imenso quando me pedem segredo sobre qualquer coisa. Não é pelo facto de me pedirem, é porque, certamente, já houve alguém que pediu segredo a quem agora está a contá-lo. E normalmente começa: «Juras que não dizes a ninguém? É que só me contaram a mim, e se tu contares, sabem logo de onde veio...». A o que eu repondo: «Sabes que sou um túmulo! Alguma vez te deixei ficar mal?». Continuando, a minha confidente acaba por me dizer: «Vê lá que contei a fulana e ela nem acreditou! Ficou pasmada. Já o meu marido, quando lhe contei, disse-me que há muito que esperava uma coisa dessas.» _ e eu a rir-me para dentro. O certo é que todos gostamos de saber um segredo e, quanto mais dramático, mais picante e mais escandaloso, mais gostamos de o contar e espalhar aos sete ventos. É a certeza de sabermos que alguém está realmente a ouvir-nos _ quando se conta um segredo somos sempre alvo da maior atenção, a não ser que sejamos um mentiroso compulsivo _nem contando um segredo nos ligam peva. Outra coisa que fazemos é pedir: « Se quiseres contar, conta. Mas não digas que fui eu que disse.» Mas depois, adoramos que digam que fomos nós que sabíamos o segredo e que o contámos em primeira mão. Dá-nos realce, protagonismo. O que nos deixa profundamente de rastos é o esforço para dar emoção à coisa, a escolha das palavras certas, o segredo em si, e depois dizerem-nos: «Já sabia!». Que desperdício! Então depois de tudo isto, já sabia? Não há direito! O pior de tudo é quando a pessoa a quem contamos se revolta com o assunto e nos chama a atenção por estar a contar um segredo, quiçá, de um amigo. Aí, a conversa muda completamente, desaparece o ar de fofoca, e com ar pesaroso declara-se: «Juro-te que não ía contar a ninguém, mas tenho andado tão agoniada, há dois dias que não durmo, e felizmente aconteceu encontrar-te, a única amiga com quem eu desabafaria uma coisa destas... ainda bem que te contei, já me sinto mais leve». Por vezes, damo-nos mal com o protagonismo e somos confrontados pelo alvo do segredo: «Como tiveste a coragem de revelar o que te contei? Nunca mais te conto nada! Pedi-te segredo absoluto e foste logo pôr a boca no trombone!». E com facilidade: «Eeeeeuuu! Toda a gente veio falar-me no assunto! Desde a M, à S ou à X, toda a gente já sabia. Vê lá tu que até já o sabia o meu marido? Pelo amor de Deus, eu nunca te faria uma coisa dessas!».
Quem nunca revelou um segredo que atire a primeira pedra. Quem diz que não o fez, é um grande mentiroso!

sexta-feira, abril 21, 2006

Por tudo e por nada

Por tudo e por nada se fala, se escreve, se aponta, se ralha, se insulta, se cansa.
Por tudo e por nada se diz o que não se deve e se faz o que não gostaríamos que outros o fizessem.
Aqui, por tudo e por nada, podemos dizer e fazer tudo aquilo que nos (me) apetece:
  • Nem temas, nem políticas, nem religiões;
  • De tudo um pouco ou de quase nada;
  • Do útil ao inútil;
  • Do longo ao breve.

Por tudo e por nada se faz o que não se deve e eu criei este blog, mesmo sem saber escrever ou pontuar, criei-o porque estou chateada e apeteceu-me dizer asneiras. Mas não será, ainda, hoje que as vou dizer. Talvez... amanhã.