Decidi que não vou trabalhar até aos 65 anos. Não me estou a ver sentada a uma secretária, ou a correr de um lado para o outro, diria antes, a arrastar-me de um lado para o outro, cheia de artroses, lordoses e cifoses, como faço hoje em dia; a trabalhar que nem uma maluca 10 horas por dia, quando não é mais, a ganhar por 8 de trabalho diário (o honrado patrão é um pobretanas qualquer), a encherem-me de responsabilidades e tarefas novas todos os dias, as quais, me vejo à brecha para as conseguir cumprir _que a menina já não é nova e já traz 30 anos de trabalho às costas; a não ter tempo sequer para ir ao cabeleireiro, porque uma menina tem que tentar manter-se bonita ainda que as rugas já se pareçam mais com o Gran Canyon do que com um qualquer afluente do Tejo (que aparecem no mapa em linhas finiiiiiiiinhas que quase não se notam); porque o tempo também falta para frequentar o ginásio, daí o agravamento da artrose, cifose e lordose, das varizes, das pernas pesadas e dos joelhos tortos; a comer qualquer coisa, em vez de um jantar capaz, porque a horas tardias já não apetece confeccionar alguma coisa nutritiva e saudável, daquelas que fazem bem à pele, com montes de ómega 3, colesterol bom e antioxidantes que nos rejuvenescem e nos dão a energia necessária a um serão bem passado. Resumindo e como eu já desconfiava, o trabalho afinal não dá saúde nenhuma, só me tem prejudicado. Começando pela manhã, ao acordar e pensando nele, desato aos vómitos convulsivos que só me passam quando o meu cara-metade, com compaixão, me dá umas palmadinhas nas costas dizendo que só faltam dois dias para o fim-de-semana; depois, ao longo do dia, o stress acumulado vai-me cansando a máquina que trabalha cá dentro, que ora começa a bater descompassadamente, ora quer parar, já não sabendo, qual condutor de província na rotunda do Marquês, se pare, se arranque ou se feche os olhos e que seja o que Deus quiser; depois o fim do dia, quando quase me dá um ataque depois de ter posto a mala ao ombro para ir embora e o telefone ainda tocar, o tipo que vem perguntar se ainda é muito tarde para levar o cheque, o outro que sistemática e diariamente pára à minha frente e calmamente pergunta, como se eu tivesse que saber a resposta: « o que é que eu ia a dizer?...»
Hoje, assim que saí do trabalho, entrei no carro, puxei dum cigarro, acalmei o cavalo desalmado que tinha dentro do peito e disse de mim para mim:
- Menina, tem mas é juízo! Não vais ficar nesta bosta desta vida até aos 65 anos!
Decidi! Está decidido! Não fico mesmo!
Ponham os gajos que inventaram a reforma até aos 65, não interessando quantos anos de trabalho tem cada um, a trabalhar.
Ah! Mas não lhes dêem ordenados chorudos. Façam-nos trabalhar 50 horas por semana a um salário mediano, que eu não sou vingativa, mas façam-nos atender 200 chamadas por dia, dêem-lhes trabalhos daqueles que ainda tem que levar para casa, como eu levo, senão ficam em risco de ser despedidos e substituídos por um qualquer recém-formado que aceita trabalhar por metade do ordenado (benza-os Deus, que bem precisam), que os façam levantar da secretária 500 vezes por dia sempre que estejam concentrados no PC a elaborar o orçamento ou o business plan da empresa e ainda que, quando estejam para sair, lhes barrem o caminho a pedir mais qualquer coisita que durante o dia se esqueceram.
Ah, não esquecer também o tal que, diariamente, pergunta: « o que é que eu ia a dizer?...»
Hoje, assim que saí do trabalho, entrei no carro, puxei dum cigarro, acalmei o cavalo desalmado que tinha dentro do peito e disse de mim para mim:
- Menina, tem mas é juízo! Não vais ficar nesta bosta desta vida até aos 65 anos!
Decidi! Está decidido! Não fico mesmo!
Ponham os gajos que inventaram a reforma até aos 65, não interessando quantos anos de trabalho tem cada um, a trabalhar.
Ah! Mas não lhes dêem ordenados chorudos. Façam-nos trabalhar 50 horas por semana a um salário mediano, que eu não sou vingativa, mas façam-nos atender 200 chamadas por dia, dêem-lhes trabalhos daqueles que ainda tem que levar para casa, como eu levo, senão ficam em risco de ser despedidos e substituídos por um qualquer recém-formado que aceita trabalhar por metade do ordenado (benza-os Deus, que bem precisam), que os façam levantar da secretária 500 vezes por dia sempre que estejam concentrados no PC a elaborar o orçamento ou o business plan da empresa e ainda que, quando estejam para sair, lhes barrem o caminho a pedir mais qualquer coisita que durante o dia se esqueceram.
Ah, não esquecer também o tal que, diariamente, pergunta: « o que é que eu ia a dizer?...»
7 comentários:
Acho que tem toda a razão.Chega de trabalho.O tempo voa e há ainda tanto para viver.Eu já fugi e em boa hora.Tinha um monte de livros para ler e uma vontade imensa de não fazer nada.Foco-me nas pinturas o tempo que eu quero,passo horas inteiras à volta das cores e vou descobrindo tonalidades todos os dias.
Um abraço
Se não tiveres pé-de-meia suficiente...
Como eu te percebo. Se descobrires como se faz, mas continuando a ter ordenado diz-me
:)
lololololol eu vou ganhar o euromilhões! Depois de ganhar o euromilhões mando toda a gente à merda! Inclusivé o Polegarzinho! E mando-o enfiar o dedo que ele põe por cima do nariz, no olho do cu! A si parto-lhe os dedinhos das mãos para ir de baixa 3 meses e o marido ter que fazer tudo em casa, pelo menos descansa! Depois meto-me num Jipe bué da lindo e que vou comprar e vou esfregá-lo no nariz da outra burra para ver o que perdeu! E ainda compro 10 pares de ténis Merrell para lhe mandar fotos como você me fez! Tenho dito
O que é que eu ía a dizer...???
Olha...Esqueci.
Depois lembro-me!
aos 65 anos a reforma sabe bem,ja se trabalhou muito e muito, merece-se algum descanso , menos horas de trabalho tão intenso e que somos obrigados a trabalhar, com 20 olhos 20 maos ,não sei quantas cabeças para valermos por dois ou tres. por um ordenado tão pobre que nunca da para nada.Dantes pensava que gostava de trabalhar, depois da experiencia fizeram-me deixar mesmo de gostar de trabalhar por conta de outro, somos sempre muito escravizados
A brincar, a brincar, o certo é que um dia olha-se para trás e pergunta-se : o que é que eu fiz na minha vida ? Onde estão estes anos todos que passaram ?
E chegamos à conclusão que se viveu a vida... adiando a vida. Com expectativas de vir a fazer... de um dia ir aqui ou ali... de então depois vamos ...
e de repente tudo muda, por esta razão ou aquela e a vida que se adiou, foi-se ...! perdeu validade.
E os planos, a vida que se ia ter, o maravilhoso futuro ... chapéu!
Por isso, minha querida amiga, não espere, pense em si e obrigue-se, não digo todos os dias, mas com uma certa frequência, a sair mais cedo, a deixar para amanhã o que até podia fazer hoje, mas que ninguém lhe agradece, a aproveitar os bons momentos da vida. Podemos ter bons momentos todos os dias, momentos simples, pequeninos,sozinhas ou acompanhadas, mas nossos e felizes.
É fácil, basta tirar prazer das coisas simples e ver ... the bright side of life ! ;-))
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