O momento é de palavras que giram à volta de palavras, que aproveitam o conhecimento dos signos para colocar questões sem resposta tangível – Afinal, o que é isso da poesia? –, e os discursos giram à volta de si mesmos, agarrados à berma da existência para não correrem o risco de serem centrifugados pela realidade. Entretanto, nadando contra o maremoto dos olhares, saltando, fila após fila, as cadeiras onde se sentam as sombras, desenha-se o olhar atento que vem do fundo, emergente dos aromas cor de rosa do seu sorriso, como se fossem sinais de fumo anunciando que a poesia é mulher. No parque demarcado por ciprestes vermelhos e luzes estrelares, o olhar levita e entra pelo discurso adentro, modificando a rotina das sílabas com que se escrevem as paixões – era a aparição da caligrafia da alma, sorrindo serenamente no canto da sala dos sons distantes dessa alquimia secreta com que se criam os poemas que nos segredam as alegrias dos prazeres consentidos – os abraços que se haverão de dar na eternidade.Poderia chamar-se Maria, Raquel, Madalena, Teresa, Safo, Marisa, Inês, ou simplesmente mulher, mas era concerteza a presença da tal musa das tranças pretas, sob o manto diáfano da poesia...
Humm!!! Bom tema para o City Lights...